quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Sobre o que sente

Vê o tempo passar em dias, semanas e meses que correm sem piedade. Às vezes a sensação de coisas inacabadas, imperfeitas e merecedoras de mais atenção a deixam melancólica, insatisfeita, mal humorada. Procura em vão na leitura uma maneira de fugir do que por vezes é inevitável: a verdade dos fatos. Os romances não resolvem seu problema. As doutrinas, as leis e todo o tipo de legalidade a ronda dia e noite, noite e dia, o que causa às vezes a imensa vontade de queimar todos os volumes. Mas qual! São esses que irão abrir-lhe as portas para tudo aquilo que ainda não conquistou, aquilo que sempre sonhou e qua ainda está por vir. Só estará completa quando chegar lá. Mas o "lá" muitas vezes parece distante, um caminho longo a ser seguido, em que estará só com ela e seus livros, enfrentando as incertezas, as angústias, o cansaço. Ainda assim, sente-se nauseada quando constata que está, como diria sua avó, a reclamar de barriga cheia. És uma privilegiada, dizem alguns. Reconhece o privilégio de ter a oportunidade de correr atrás dos sonhos, de encontrar o suporte necessário e a força que a motiva. Entretanto, quando chega o fim do dia, da semana ou do mês, mesmo depois de todo o esforço, se sente sem chão, sem pertencer à alguma coisa ou algum lugar. Pertencimento. Esse sentimento que por vezes não reconhece e que a adoece.

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