quinta-feira, 18 de abril de 2024

Mosaico

 A ideia de mosaico

me agrada

Cacos e pedaços do

que um dia já foi

inteiro

Formando uma nova versão

daquilo que um dia foi quebrado

Mas ainda podendo ser

Restaurado

Reconectado

Reaproveitado

Ressignificado

Sou um mosaico de todas as vezes

que me quebrei ou que me

quebraram

Mas permaneço inteira

Com novas linhas, novos arranjos

Criando arte em 

cada canto.

terça-feira, 16 de abril de 2024

Saudade do que não foi

 A saudade é aquilo

que sentimos falta

Algo que não 

mais alcançamos

Mas pode também

ser a falta do 

jamais poderemos ter: saudade do que não foi.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Janelas da memória

Meus olhos

ainda estão cheios

daquilo que eu já vi

E ansiosos

por tudo que ainda

poderei viver.

Pra quem escrevo?

Escrevo pra mim. escrevo pra você. Escrevo pro universo. Escrevo pra quem precisa se reconhecer, pra quem precisa sentir e sair da inércia. Escrevo pra quem precisa ter voz. Escrevo pra quem precisa ouvir. Escrevo pra quem precisa um abraço, um cheiro, um beijo, um soco no estômago, um tapa de luva. Escrvo pra quem acredita no amor, na poesai e na verdade nua e crua. Escrevo pra quem não quer esquecer e pra quem já foi esquecido. Escrevo pra quem quiser viver, mesmo que não esteja reagindo. Escrevo pra quem se permite ser humano e necessita olhar-se no espelho e enxergar-se assim. Escrevo para não ter fim o que pulsa aqui dentro. Escrevo e não me perco pelo caminho, mas me encontro, enfim.

Por que escrevo?

 Por que escrevo?

A vida ensina a

cair

O poema ensina a 

sentir.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Todas nós

 


pra ler 

de uma vez só 

e sem respirar 

ela rima 

toda a tua dor 

sem nunca

ter te visto

ou ouvido

sem ter 

nunca 

te sentido 

porque ela é você 

e você 

é ela 

somos 

todas nós.


quinta-feira, 7 de março de 2024

Dores de crescimento

 Você se encontra

no desencontro

Quando reconhece o que não te 

pertence

o que não te agrada e o que

não te impulsiona


Você cresce no

desconforto

e entende que as dores de

crescimento

não são somente parte da 

infância


Mas da vida toda

Equanto você

ainda estiver

buscando se

encontrar.

Quando escrevo meus silêncios

 Quando escrevo meus silêncios

Ecoam as palavras caladas

no grito

Abafadas por entre vozes

que tentaram me silenciar.

Quando escrevo meus silêncios

Libero minha alma

Abro minhas asas

Voo até ninguém mais

me alcançar.

Companhia

 A solidão pode ser

um fardo

ou ma benção

Depende do quanto

você aprecia

sua própria comapanhia.

Sobre acolhimento

Escrever sobre emoções é sempre um mergulho no infinito de possibilidades que encontramos dentro de nós mesmos. Me vejo sendo instigada a escrever sobre algo que eu amo, ou odeio ou me deixa irritada ou feliz. Parece um exercício fácil de escrita, mas quando começo a pensar nesses sentimentos me sinto sendo julgada, principalmente se o tema for ira, ódio, incômodo. Uma vida inteira passei tentando ser a boa menina, a que não erra e não decepciona; logo as chances de ser rejeitada ou de ser mal vista reduziriam. Ao longo dos anos consegui criar uma concha densa de medos, mágoas e incertezas. Uma concha que há muito me permito sair de vez em quando e explorar o entorno, livre desses sentimentos. Mas por vezes me vejo tentada a voltar pra ela. E volto, sinto, me reconecto com a criança interior que chora e sente-se julgada e inadequada. E vejo, de forma clara, que reconheço que me pertence tudo o que passei, o que vivi e o que senti. E uso como ferramenta justamente pra me reconectar com a adulta que me tornei e que, ainda que de forma silenciosa e às vezes modesta, se sente orgulhosa dos espaços que vem ocupando, das conquistas alcançadas e dos afetos cultivados. Acolher nossa criança do passado nos permite ressignificar e amar nosso adulto do presente. Acolha-se.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Cicatrizes

 Uma vida sem

cicatrizes

é como uma viagem

que você

somente chegou

no destino final

Mas não aproveitou 

o meio do caminho.

Quem é de quem?

 O tempo que nos

consome

prende

rende e avisa:

não há tempo.


Mas quem é de quem?

Eu que tenho o tempo

Ou é ele que me 

(De)tem?

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Cores

 Minha alma e minha alegria

são coloridas

Sou feita de matizes de várias cores

Tonalidades que se fundem

e se confundem

Em milhares de 

pixels em full HD


Mas meu coração e 

meus amores

Esses são preto no branco

8 ou 80

Verdade ou consequência

Polaroide de instantes

com memórias

analógicas.

Do que são feitos os poemas

 Do que são feitos 

os poemas

Se não de pele

carne

ossos e

emoções?

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Meu silêncio


O meu silêncio mora

Nos gritos emudecidos

Nas cartas de amor nunca escritas.

 

O meu silêncio ecoa

Nas moscas da casa vazia

No choro engolido no escuro

No abraço negado no adeus.

 

O meu silêncio se amplifica

Quando encontra minha solidão

E juntos compõem melodias inaudíveis

E canções desafinadas.

 

O meu silêncio é resiliência

E dançando por entre vozes agudas

Há de encontrar seu par 

Por entre suspiros.

Meu silêncio por fim é pulsão.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Vale a pena

 Passeio pela tela do celular por entre fotos e videos superficiais, de vidas perfeitas e cheias de rotinas. Me pergunto de onde as pessoas tiram tanta determinação e força de vontade para conseguir manter essa aparência de distancimaneto do caos. Sim, aparência, pois sei que em sua grande maioria, as publicações instagramáveis são meramente isso: manter as aparências.  E isso acaba sendo um gatilho pessoal: não faço parte da tribo dos amantes da constância e das rotinas metódicas. Sou caótica em boa parte do meu tempo. Consigo manter rotinas básicas de sobrevivência doméstica, horários das crianças e rotinas familiares. O buraco é mais embaixo quando se trata de eu comigo mesma. Texto iniciado em 2023... corta para fevereiro de 2024... uma decisão capaz de mudar a vida, os hábitos e as rotinas, paradigmas e pressões sociais Um posicionamento difícil, porém necessário. Fruto de uma pequena revolução que começou há muitos anos e tomou forma e concretude há alguns meses. O processo é longo (digo é, pois continua em curso, todos os dias, pelo resto da vida). Olhar para dentro e buscar por autoconhecimento te leva inevitavelmente a uma autorresponsabilidade que por muitos anos (talvez desde a mais tenra idade) relutamos em reconhecer e trazer para nós mesmos. Mas disso é feito o passar dos anos, a maturidade e o posicionar-se diante da vida como protagonista e não como vítima. Hoje quem me vê conseguindo olhar e cuidar de mim mesma, sem culpas ou remorsos, não imagina o longo caminho que percorri para sentir-me assim, sem amarras, sem culpa (ok, um pouco menos sem culpa, não totalmente livre) conseguindo manter uma rotina de autocuidado, seja ele físico ou mental, passível até de gerar bons feedbacks e estímulos "instagramáveis". Ainda em tempo, o instagram é apenas um pequeno recorte, de um pequeno trecho de uma grande jornada que, na maioria das vezes, não é mostrada. Porque dói, porque não é tão bonito e nem motivacional. Mesmo assim, faz parte de quem somos, do que vivemos, ainda que não tão instagramável. Mas o que quero e o que preciso dizer aqui é que, ainda que eu soubesse que o caminho seria tortuoso, teria percorrido da mesma forma. Até porque nesse mesmo caminho tive (e terei) sonhos, realizações, aprendizados, alegrias e afetos inestimáveis e que jamais me imaginaria não ter vivenciado. Parece clichê, mas o óbvio às vezes também precisa ser dito: você é tudo aquilo que te fortaleceu, que te quebrou ao meio, que te deu coragem, que te gerou medo, que te fez rir e sorrir. Você é a soma de todas as pessoas que chegaram até você, que partiram ou que permaneceram, independente do quanto você as amou ou odiou, do quanto sofreu ou fez sofrer, do quanto aprendeu e ensinou. Você é tudo aquilo pelo qual você luta, pelo que acredita, sonha e realiza, ainda que muitas vezes isso tudo não caiba ou não possa ser perfeitamente "publicável". Você é tudo aquilo que te faz sentir e te faz acreditar que, ainda que seja difícil, vale a pena. Você, vale a pena. Sua alegria, vale a pena. Ser você por você mesmo, vale a pena. Revolucinar, vale a pena.  E de vez em quando, desconectar e olhar ao redor, para além desse quadradinho, dessa tela, também vale a pena. Acredita. Vale a pena. 

Mosaico

 A ideia de mosaico me agrada Cacos e pedaços do que um dia já foi inteiro Formando uma nova versão daquilo que um dia foi quebrado Mas aind...