sexta-feira, 26 de maio de 2023

Sobre liberdade

 Você tenta controlar⁣

O que eu faço ⁣

Como eu faço e para quem ⁣

O que eu penso⁣

Como eu sinto ⁣

Me⁣

Expresso ⁣

E se lhe convém ⁣

Mas, entenda Medo⁣

Nada disso mais vai fazer ⁣

Com que eu fique ⁣

calada ⁣

De mãos atadas ⁣

Sem ter armas ⁣

Ou argumentos ⁣

Teus tentáculos não mais ⁣

Me fazem refém⁣

medo todo mundo tem ⁣

Você mora aqui dentro ⁣

Eu bem sei ⁣

Mas, Medo⁣

Vamos fazer um combinado?⁣

A gente convive ⁣

Eu vivo⁣

E sobrevivo ⁣

E está tudo bem. 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

 Tentando encontrar formas de aplacar a ansiedade, me encontro novamente com os dedos frenéticos, teclando, escrevendo. Ainda que o processo de cura já tenha me levado a reconhecer os gatilhos emocionais e os lugares escuros que às vezes me encontro, vez por outra me deixo levar pela sensação de não pertencimento, de ausência de chão, de busca por algo que preencha esse vazio, que na verdade mais parece um oceano de possibilidades, porém todas flutuantes, distantes, inalcançáveis. Manter o foco tem sido um suplício, sei que as buscas incessantes por novas atividades são um sintoma do TDAH, da ansiedade e porque não, um pouco dessa minha personalidade ávida por novas emoções e sensações.

Mas o que mais me consome é justamente o medo de escrever e não ser compreendida, reconhecida. Ao mesmo tempo em que alimento o sonho, o ideal de um dia ser uma escritora publicada, me mantenho em fuga correndo e fugindo daquilo que sinto e que por vezes tenho o ímpeto de colocar no papel. Agora por exemplo, escrevo, mas não publico. Escrevo, sinto, alivio a carga, mas tenho medo de publicar.

Será que meu medo é de não ser compreendida? Ou de não ser aceita? De ser julgada? Minha vida toda busquei por reconhecimento, por aceitação. Me cobro pelas imperfeições, pelas inseguranças, sabendo que isso só me leva ao mesmo quarto escuro. Aquele em que me fecho todas as vezes que começo a sentir, a ver o vazio que me consome. Preencho esse vazio com as palavras que não escrevi. Com as imagens dos filmes e das séries e de páginas de roteiros que se materializam nas telas, e que imagino que eu poderia ter escrito. Este é o roteiro da minha vida? Tudo aquilo que um dia eu poderia ter feito?

Qual a âncora que me prende ao cais que me dá sensação de segurança? Que me permite balançar com as ondes agarrada a um pier? Vejo o horizonte, assisto ao pôr do sol, vejo as embarcações passando, as pessoas chegando e partindo, e eu ali, atracada. Ainda não aprendi a viver a liberdade de um barco a deriva sem uma âncora o prendendo? Um mar de possibilidades sendo vencido por  um pier de seguranças? Quando conseguirei desamarrar os nós das cordas que me prendem dessa forma?


Mosaico

 A ideia de mosaico me agrada Cacos e pedaços do que um dia já foi inteiro Formando uma nova versão daquilo que um dia foi quebrado Mas aind...