segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Vale a pena

 Passeio pela tela do celular por entre fotos e videos superficiais, de vidas perfeitas e cheias de rotinas. Me pergunto de onde as pessoas tiram tanta determinação e força de vontade para conseguir manter essa aparência de distancimaneto do caos. Sim, aparência, pois sei que em sua grande maioria, as publicações instagramáveis são meramente isso: manter as aparências.  E isso acaba sendo um gatilho pessoal: não faço parte da tribo dos amantes da constância e das rotinas metódicas. Sou caótica em boa parte do meu tempo. Consigo manter rotinas básicas de sobrevivência doméstica, horários das crianças e rotinas familiares. O buraco é mais embaixo quando se trata de eu comigo mesma. Texto iniciado em 2023... corta para fevereiro de 2024... uma decisão capaz de mudar a vida, os hábitos e as rotinas, paradigmas e pressões sociais Um posicionamento difícil, porém necessário. Fruto de uma pequena revolução que começou há muitos anos e tomou forma e concretude há alguns meses. O processo é longo (digo é, pois continua em curso, todos os dias, pelo resto da vida). Olhar para dentro e buscar por autoconhecimento te leva inevitavelmente a uma autorresponsabilidade que por muitos anos (talvez desde a mais tenra idade) relutamos em reconhecer e trazer para nós mesmos. Mas disso é feito o passar dos anos, a maturidade e o posicionar-se diante da vida como protagonista e não como vítima. Hoje quem me vê conseguindo olhar e cuidar de mim mesma, sem culpas ou remorsos, não imagina o longo caminho que percorri para sentir-me assim, sem amarras, sem culpa (ok, um pouco menos sem culpa, não totalmente livre) conseguindo manter uma rotina de autocuidado, seja ele físico ou mental, passível até de gerar bons feedbacks e estímulos "instagramáveis". Ainda em tempo, o instagram é apenas um pequeno recorte, de um pequeno trecho de uma grande jornada que, na maioria das vezes, não é mostrada. Porque dói, porque não é tão bonito e nem motivacional. Mesmo assim, faz parte de quem somos, do que vivemos, ainda que não tão instagramável. Mas o que quero e o que preciso dizer aqui é que, ainda que eu soubesse que o caminho seria tortuoso, teria percorrido da mesma forma. Até porque nesse mesmo caminho tive (e terei) sonhos, realizações, aprendizados, alegrias e afetos inestimáveis e que jamais me imaginaria não ter vivenciado. Parece clichê, mas o óbvio às vezes também precisa ser dito: você é tudo aquilo que te fortaleceu, que te quebrou ao meio, que te deu coragem, que te gerou medo, que te fez rir e sorrir. Você é a soma de todas as pessoas que chegaram até você, que partiram ou que permaneceram, independente do quanto você as amou ou odiou, do quanto sofreu ou fez sofrer, do quanto aprendeu e ensinou. Você é tudo aquilo pelo qual você luta, pelo que acredita, sonha e realiza, ainda que muitas vezes isso tudo não caiba ou não possa ser perfeitamente "publicável". Você é tudo aquilo que te faz sentir e te faz acreditar que, ainda que seja difícil, vale a pena. Você, vale a pena. Sua alegria, vale a pena. Ser você por você mesmo, vale a pena. Revolucinar, vale a pena.  E de vez em quando, desconectar e olhar ao redor, para além desse quadradinho, dessa tela, também vale a pena. Acredita. Vale a pena. 

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