terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O barco

Em um barco à deriva. Que há muito navega conforme o vento. Um dia já sentou no convés, só apreciando a paisagem, daquelas janelinhas redondas como nos desenhos animados.
E de repente, "não mais que de repente", veio uma tormenta.
E a quem cabia o leme só se escutou um salve-se quem puder.
E viu-se correndo, içando velas, dando ordens, aos gritos, às súplicas, às vezes de joelhos, outras dedo em riste.
Até que cansada, resolveu atirar-se em um mar salgado, talvez em razão das lágrimas que já chorou poderem igualar-se a um oceano. Nadou, nadou, nadou. Continua nadando, às vezes boiando. Recorda-se do nome do barco todos os dias, convive com os tripulantes que estão também à deriva agarrando-se a ela, volta e meia, em busca de uma tábua de salvação ou um bote salva-vidas. De vez em quando retorna à bordo, com ventos favoráveis, para em seguida lançar-se ao mar para continuar boiando, esperando a bonança novamente para enfim estarem todos a bordo, mesmo que por um breve período. Afinal o barco família não se abandona nunca.

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