Em tempos em que substituímos
demonstrações de afeto e
construções de frases e diálogos
por emojis de corações,
não me espanta que tantos
corações reais estejam por aí,
vagando solitários e desiludidos.
Em tempos em que substituímos
demonstrações de afeto e
construções de frases e diálogos
por emojis de corações,
não me espanta que tantos
corações reais estejam por aí,
vagando solitários e desiludidos.
Viver a vida tal qual ela se apresenta é como voar para os pássaros. Voar requer coragem. Coragem de não alcançar altitude suficiente. De quebrar as asas pelo caminho. De encontrar abismos e despencar neles, sem a certeza de que serão profundos o suficiente pra você não encontrar o chão. Coragem de arriscar experimentar o medo em troca de sentir o vento com gosto de liberdade, mas tendo a responsabilidade dessa escolha. Coragem de não se arrepender, por nenhum momento. Coragem de abandonar o conforto do ninho em troca do inesperado, do que alimenta a alma e te faz sentir vivo.
Somos todos pássaros com asas que nos permitem alçar voos. Mas só a coragem nos permite continuar a escolher os próprios voos, inclusive os necessários, ainda que não sejam os ideais. Coragem é o que nos mantém no ar, mesmo após diversas quedas. Continue voando, com coragem.
A ideia de mosaico
me agrada
Cacos e pedaços do
que um dia já foi
inteiro
Formando uma nova versão
daquilo que um dia foi quebrado
Mas ainda podendo ser
Restaurado
Reconectado
Reaproveitado
Ressignificado
Sou um mosaico de todas as vezes
que me quebrei ou que me
quebraram
Mas permaneço inteira
Com novas linhas, novos arranjos
Criando arte em
cada canto.
A saudade é aquilo
que sentimos falta
Algo que não
mais alcançamos
Mas pode também
ser a falta do
jamais poderemos ter: saudade do que não foi.
Meus olhos
ainda estão cheios
daquilo que eu já vi
E ansiosos
por tudo que ainda
poderei viver.
Escrevo pra mim. escrevo pra você. Escrevo pro universo. Escrevo pra quem precisa se reconhecer, pra quem precisa sentir e sair da inércia. Escrevo pra quem precisa ter voz. Escrevo pra quem precisa ouvir. Escrevo pra quem precisa um abraço, um cheiro, um beijo, um soco no estômago, um tapa de luva. Escrvo pra quem acredita no amor, na poesai e na verdade nua e crua. Escrevo pra quem não quer esquecer e pra quem já foi esquecido. Escrevo pra quem quiser viver, mesmo que não esteja reagindo. Escrevo pra quem se permite ser humano e necessita olhar-se no espelho e enxergar-se assim. Escrevo para não ter fim o que pulsa aqui dentro. Escrevo e não me perco pelo caminho, mas me encontro, enfim.
pra ler
de uma vez só
e sem respirar
ela rima
toda a tua dor
sem nunca
ter te visto
ou ouvido
sem ter
nunca
te sentido
porque ela é você
e você
é ela
somos
todas nós.
Você se encontra
no desencontro
Quando reconhece o que não te
pertence
o que não te agrada e o que
não te impulsiona
Você cresce no
desconforto
e entende que as dores de
crescimento
não são somente parte da
infância
Mas da vida toda
Equanto você
ainda estiver
buscando se
encontrar.
Quando escrevo meus silêncios
Ecoam as palavras caladas
no grito
Abafadas por entre vozes
que tentaram me silenciar.
Quando escrevo meus silêncios
Libero minha alma
Abro minhas asas
Voo até ninguém mais
me alcançar.
A solidão pode ser
um fardo
ou uma benção
Depende do quanto
você aprecia
sua própria companhia.
Uma vida sem
cicatrizes
é como uma viagem
que você
somente chegou
no destino final
Mas não aproveitou
o meio do caminho.
O tempo que nos
consome
prende
rende e avisa:
não há tempo.
Mas quem é de quem?
Eu que tenho o tempo
Ou é ele que me
(De)tem?
Minha alma e minha alegria
são coloridas
Sou feita de matizes de várias cores
Tonalidades que se fundem
e se confundem
Em milhares de
pixels em full HD
Mas meu coração e
meus amores
Esses são preto no branco
8 ou 80
Verdade ou consequência
Polaroide de instantes
com memórias
analógicas.
O meu silêncio mora
Nos gritos emudecidos
Nas cartas de amor nunca escritas.
O meu silêncio ecoa
Nas moscas da casa vazia
No choro engolido no escuro
No abraço negado no adeus.
O meu silêncio se amplifica
Quando encontra minha solidão
E juntos compõem melodias inaudíveis
E canções desafinadas.
O meu silêncio é resiliência
E dançando por entre vozes agudas
Há de encontrar seu par
Por entre suspiros.
Meu silêncio por fim é pulsão.
Passeio pela tela do celular por entre fotos e videos superficiais, de vidas perfeitas e cheias de rotinas. Me pergunto de onde as pessoas tiram tanta determinação e força de vontade para conseguir manter essa aparência de distancimaneto do caos. Sim, aparência, pois sei que em sua grande maioria, as publicações instagramáveis são meramente isso: manter as aparências. E isso acaba sendo um gatilho pessoal: não faço parte da tribo dos amantes da constância e das rotinas metódicas. Sou caótica em boa parte do meu tempo. Consigo manter rotinas básicas de sobrevivência doméstica, horários das crianças e rotinas familiares. O buraco é mais embaixo quando se trata de eu comigo mesma. Texto iniciado em 2023... corta para fevereiro de 2024... uma decisão capaz de mudar a vida, os hábitos e as rotinas, paradigmas e pressões sociais Um posicionamento difícil, porém necessário. Fruto de uma pequena revolução que começou há muitos anos e tomou forma e concretude há alguns meses. O processo é longo (digo é, pois continua em curso, todos os dias, pelo resto da vida). Olhar para dentro e buscar por autoconhecimento te leva inevitavelmente a uma autorresponsabilidade que por muitos anos (talvez desde a mais tenra idade) relutamos em reconhecer e trazer para nós mesmos. Mas disso é feito o passar dos anos, a maturidade e o posicionar-se diante da vida como protagonista e não como vítima. Hoje quem me vê conseguindo olhar e cuidar de mim mesma, sem culpas ou remorsos, não imagina o longo caminho que percorri para sentir-me assim, sem amarras, sem culpa (ok, um pouco menos sem culpa, não totalmente livre) conseguindo manter uma rotina de autocuidado, seja ele físico ou mental, passível até de gerar bons feedbacks e estímulos "instagramáveis". Ainda em tempo, o instagram é apenas um pequeno recorte, de um pequeno trecho de uma grande jornada que, na maioria das vezes, não é mostrada. Porque dói, porque não é tão bonito e nem motivacional. Mesmo assim, faz parte de quem somos, do que vivemos, ainda que não tão instagramável. Mas o que quero e o que preciso dizer aqui é que, ainda que eu soubesse que o caminho seria tortuoso, teria percorrido da mesma forma. Até porque nesse mesmo caminho tive (e terei) sonhos, realizações, aprendizados, alegrias e afetos inestimáveis e que jamais me imaginaria não ter vivenciado. Parece clichê, mas o óbvio às vezes também precisa ser dito: você é tudo aquilo que te fortaleceu, que te quebrou ao meio, que te deu coragem, que te gerou medo, que te fez rir e sorrir. Você é a soma de todas as pessoas que chegaram até você, que partiram ou que permaneceram, independente do quanto você as amou ou odiou, do quanto sofreu ou fez sofrer, do quanto aprendeu e ensinou. Você é tudo aquilo pelo qual você luta, pelo que acredita, sonha e realiza, ainda que muitas vezes isso tudo não caiba ou não possa ser perfeitamente "publicável". Você é tudo aquilo que te faz sentir e te faz acreditar que, ainda que seja difícil, vale a pena. Você, vale a pena. Sua alegria, vale a pena. Ser você por você mesmo, vale a pena. Revolucinar, vale a pena. E de vez em quando, desconectar e olhar ao redor, para além desse quadradinho, dessa tela, também vale a pena. Acredita. Vale a pena.
Em tempos em que substituímos demonstrações de afeto e construções de frases e diálogos por emojis de corações, não me espanta que tant...