(R)evolução
Já parou pra pensar na força e
na potência dessa palavra?
Estar em constante evolução
Repetir e refazer-se
Revolucionar-se
Amar-se ao ponto de aceitar-se
Evoluir
Sem nunca parar.
Te desejo sorte.
Mas mais ainda,
(R)evolução.
(R)evolução
Já parou pra pensar na força e
na potência dessa palavra?
Estar em constante evolução
Repetir e refazer-se
Revolucionar-se
Amar-se ao ponto de aceitar-se
Evoluir
Sem nunca parar.
Te desejo sorte.
Mas mais ainda,
(R)evolução.
Navego no meu mundo
Um mar de desperdícios
de eventos desconexos
Despidos de reconhecimento e autocompaixão
Vejo um oceano que se compõe em versos rasos
Feito um jardim com flores mortas e pálidas
Rochedos de sonhos inacabados
Tento achar um sentido na retidão das palavras
Que me encontram perdidas no verso solto
O meu eu não encontra o afeto por entre as rimas que não me convém
Discreto como água que escorre pelos dedos
O vinho entrega o abismo entre a alma e a mente
Construo um muro de escombros
Tento buscar segurança na noite escura
Amanheço com a certeza de que ainda não sei
Quem eu busco
Ou quem eu escondo.
Descrever o que é belo, analisar o que se sente, contar uma história, juntar palavras e frases e transformar em poesia, em rima solta, em sentimento exposto e compartilhado. Trazer o que aflige, desconstruir teorias, desvendar o que nos gera curiosidade, afastar o que nos causa medo e mitigar o que nos causa espanto.
Ser protagonista da própria história, guiar os próprios passos e reconhecer as próprias dificuldades, sem nunca perder a serenidade e o encanto por aquilo que nos torna humanos: o reconhecer-se frágil, com defeitos, com medos e, paradoxalmente a tudo isso, descobrir-se com uma força inesgotável de superação. Buscar a felicidade e realizar-se enquano pessoa, imperfeita, mas não menos plena.
Apaixonada pelo impossível
Pelo inimaginável
É como me sinto nos dias em que só queria viver em um desses filmes de comédia romântica
Porque o que às vezes desejamos
É apenas ser desejados
Imprescindíveis
Insubstituíveis
Ver alguém se apaixonar por você
É muito mais emocionante do que vc mesmo se apaixonar
E mais seguro, confortável e indolor
Vivemos o ideal de ser o ideal de alguém
E às vezes só isso já basta
Pra trazer de volta aquelas borboletas no estômago
A sensação do novo
Da surpresa
Do irreal
Ah os amores platônicos
A válvula de escape perfeita
Para fugirmos de amores possíveis.
Você tenta controlar
O que eu faço
Como eu faço e para quem
O que eu penso
Como eu sinto
Me
Expresso
E se lhe convém
Mas, entenda Medo
Nada disso mais vai fazer
Com que eu fique
calada
De mãos atadas
Sem ter armas
Ou argumentos
Teus tentáculos não mais
Me fazem refém
medo todo mundo tem
Você mora aqui dentro
Eu bem sei
Mas, Medo
Vamos fazer um combinado?
A gente convive
Eu vivo
E sobrevivo
E está tudo bem.
Tentando encontrar formas de aplacar a ansiedade, me encontro novamente com os dedos frenéticos, teclando, escrevendo. Ainda que o processo de cura já tenha me levado a reconhecer os gatilhos emocionais e os lugares escuros que às vezes me encontro, vez por outra me deixo levar pela sensação de não pertencimento, de ausência de chão, de busca por algo que preencha esse vazio, que na verdade mais parece um oceano de possibilidades, porém todas flutuantes, distantes, inalcançáveis. Manter o foco tem sido um suplício, sei que as buscas incessantes por novas atividades são um sintoma do TDAH, da ansiedade e porque não, um pouco dessa minha personalidade ávida por novas emoções e sensações.
Mas o que mais me consome é justamente o medo de escrever e não ser compreendida, reconhecida. Ao mesmo tempo em que alimento o sonho, o ideal de um dia ser uma escritora publicada, me mantenho em fuga correndo e fugindo daquilo que sinto e que por vezes tenho o ímpeto de colocar no papel. Agora por exemplo, escrevo, mas não publico. Escrevo, sinto, alivio a carga, mas tenho medo de publicar.
Será que meu medo é de não ser compreendida? Ou de não ser aceita? De ser julgada? Minha vida toda busquei por reconhecimento, por aceitação. Me cobro pelas imperfeições, pelas inseguranças, sabendo que isso só me leva ao mesmo quarto escuro. Aquele em que me fecho todas as vezes que começo a sentir, a ver o vazio que me consome. Preencho esse vazio com as palavras que não escrevi. Com as imagens dos filmes e das séries e de páginas de roteiros que se materializam nas telas, e que imagino que eu poderia ter escrito. Este é o roteiro da minha vida? Tudo aquilo que um dia eu poderia ter feito?
Qual a âncora que me prende ao cais que me dá sensação de segurança? Que me permite balançar com as ondes agarrada a um pier? Vejo o horizonte, assisto ao pôr do sol, vejo as embarcações passando, as pessoas chegando e partindo, e eu ali, atracada. Ainda não aprendi a viver a liberdade de um barco a deriva sem uma âncora o prendendo? Um mar de possibilidades sendo vencido por um pier de seguranças? Quando conseguirei desamarrar os nós das cordas que me prendem dessa forma?
Na última resenha que encaminhei ao curso de psicanálise, consegui colocar em palavras a angústia que me acompanha desde sempre: o medo de falhar, de ser imperfeita aos olhos do outro. Esse medo por diversas vezes paralisante, já me deixou em lugares sombrios e silenciosos, em estagnação física e mental capazes de abrir buracos infinitos de vazio e tristeza. A sensação de impotência gera cada vez mais medo e mais paralisia. O ciclo vicioso da procrastinação por medo de falhar, por medo de decepcionar.
A devolutiva da professora que fez a análise de meu texto veio com um questionamento: você consegue enxergar o que você já conseguiu conquistar, e não somente o que não consquistou? Isso fez com que voltasse meus olhos e meus pensamentos para tudo que por diversas vezes, ainda que tenha sido fruto do meu esforço e de minha dedicação, eu não tenha dado a importância e nem o valor como conquista. A dificuldade em reconhecer em mim mesma a capacidade de ser suficientemente boa. De ter feito coisas que mereçam reconhecimento e aplauso. Parece que estou sempre em busca de algo além daquilo que já conquistei. E olhando para trás, com uma lupa mais amigável, mais empática e mais condescendente comigo mesma, preciso admitir: já fiz tanta coisa que devo me orgulhar. Eu sou alguém por quem devo me orgulhar. E ainda posso ser e fazer muito mais.
Mas velhos hábitos são difíceis de mudar. Comportamentos repetitivos, reforçados por um ambiente e dinâmica familiar, e um relacionamento em que meus medos e minhas inseguranças são, ou reforçadas ou minimizadas, ridicularizadas ou paulatinamente usadas como munição em momentos de crise e de conflito, dificultam por diversas vezes a saída do ciclo vicioso. Mas já conseguir visualizar essa situação, racionalizar, reconhecer e entender que sim, algo não está certo, e isso por si só já é um grande passo. O módulo 04 veio permeado por retornos. Não somente de conceitos da psicanálise, como por retornos para dentro de mim mesma. O ir e vir dentro dos medos e das inseguranças, mas agora com uma lupa, um respiro, um escafandro para os momentos de imersão em lugares sombrios e silenciosos. Sombrios, silenciosos mas não mais temíveis. O medo vem dando espaço à consciência. Ao autoconhecimento. Saber que eles existem (medo, insegurança, lados sombrios, sintomas compulsivos e na minha visão, vergonhosos) já não me angustiam como antes. Os reconheço, identifico, consigo antecipar os gatilhos que levam aos comportamentos destrutivos e repetitivos, e consigo minimizá-los. Não tento mais fazer com que desapareçam. Me permito sentir. Escolho passar pela dor e pelo sofrimento sem culpas, de forma momentânea, humana, como devem ser. A busca pela perfeição, por não desagradar, por não falhar, não ser rejeitada, tem dado espaço a chance de me aceitar com todas essas questões. Antes, evitava situações, envolvimentos e desafios que pudessem colocar à prova minha imagem de perfeição para com o outro, por medo de sofrer. Mas evitar o sofrimento apenas leva para o mais profundo sentimento, justamente, de dor e angústia. Sofrer tentando não sofrer. Acumular mágoas e ressentimentos, a fim de evitar enfrentamentos. Fugir de conflitos. Antigamente tinha a crença de que essa minha característica era quase que altruísta, quando na verdade não passava de uma atitude egoísta e de defesa. Egoísta por visar apenas meu desejo de manter intócavel uma imagem de força e perfeição e defesa tentando evitar o sofrimento.
Baixei minhas defesas e me permito reconhecer no espelho a mulher que realmente sou. Ela está já ali, sempre esteve, aguardando ainda para não somente ser aceita mas também admirada. Por mim mesma. Para mim mesma.
O tempo se encontrou com a maturidade
E ambos concordaram
Após beber algumas taças de vinho
Que não há nada definido
Que o melhor é não programar
E que tudo que vc acha que poderia ter vivido só parece melhor do que o que vc realmente viveu porque ficou no imaginário
No ideal
A vida passa rápido
Só temos o hoje
Que já tá acabando
Não somos senhores do nosso destino
Mas podemos ser senhores de como iremos desfrutar esse destino
Seja escolhendo
Ou aprendendo com as escolhas e encontrando sentido nelas
Porque nem sempre conseguimos entender os caminhos que tomamos
Mas lá na frente de alguma forma vai fazer sentido
Se vc buscar por esse sentido dentro da tua realidade e do autoconhecimento e principalmente na tua auto compaixão e aceitação
Mas sério
Envelhecer tem seu lado bom
Maturidade vem como bônus
O tempo só traz coisa boa
Levei muito tempo para entender que a vida não é um quebra-cabeças. A lógica do quebra-cabeças é você encaixar peças para formar uma imagem pré estabelecida. Essa rigidez permite apenas encaixes já existentes, permitidos e pré definidos conforme o objetivo a ser alcançado: montar pequenas peças umas nas outras, que sozinhas não fazem sentido mas juntas formam um todo. A maior parte da minha vida passei tentando encaixar peças que me eram alcançadas, disponibilizadas, tendo eu pedido por elas ou não, na expectativa de formar um todo idealizado por mim, pela minha família, pela escola, pelos amigos, pela sociedade. O problema é que no meio do caminho muitas vezes algumas peças não encontravam encaixe, não tinham lugar naquela imagem pré estabelecida. A lógica do quebra-cabeças passou a não ter tanta lógica assim, e a frustração passou a ser a palavra de ordem, afinal, qual o objetivo se não o encaixe? A sensação de inadequação e não pertencimento, de não estar se encaixando, é algo que vai te consumindo aos poucos, sabotando e minando, gerando insegurança, tristeza, raiva e muitas vezes negação. Não admitir sentir-se assim é pior do que por fim aceitar esses sentimentos.
Ao espalhar as peças como criança quando perde o jogo, ao me esparramar em mil pedaços, alguns quebrados, outros apenas arranhados, passei a enxergar que na verdade a vida está mais para um Lego do que para um quebra-cabeças. Esse brinquedo fantástico te traz não só a montagem já pré estabelecida, mas também infinitas possibilidades de usar as peças da forma como vc quiser, na ordem que você achar mais conveniente e de acordo com o objetivo que você quer alcançar. Esse objetivo pode mudar ao longo da brincadeira, conforme o seu humor, sua disposição, sua criatividade, suas necessidades imediatas ou a longo prazo.
Não há rigidez na escolha das peças, não há inadequação na montagem. A originalidade tem espaço, a criatividade é uma ferramenta e a liberdade é um pressuposto. O dualismo certo/errado passa a ser menos importante, o que era preto no branco passa a dar espaço para uma cartela infinita de cores. Você pode montar, desmontar, montar novamente, reconstruir, inventar, trocar, readaptar, criar. Pode inclusive guardar as peças que sobraram para um novo projeto.
Sem com isso ter que parar a brincadeira. Você pode ser feliz com as criações que você mesmo inventou, com os objetivos que traçou. O clímax disso tudo é a sensação inigualável de pertencimento, encaixe e adequação que somente a maturidade, o auto conhecimento e o reconhecimento das tuas dificuldades podem proporcionar. Faça da vida um Lego.
Em tempos em que substituímos demonstrações de afeto e construções de frases e diálogos por emojis de corações, não me espanta que tant...