quinta-feira, 13 de junho de 2019

Sobre o dia de ontem

De forma geral, mulheres tendem a gostar de manifestações românticas por parte do sexo oposto. Mas todas tem o real conhecimento do que é ser romântico? E sabem realmente do que gostam nesse romantismo todo? Do nosso querido amigo Aurélio, romântico é:
"adj. Relativo ao romantismo: literatura romântica. / Diz-se de quem nas idéias, no caráter ou no temperamento, revela algo de apaixonado, de nobre, de lírico, que o eleva acima do prosaico, do cotidiano: amante romântico. / Que evoca o estado de alma e as emoções próprias dos românticos: uma canção romântica. / Fig. Lírico, poético: palavras românticas. / Fig. Exaltado, arrebatado, apaixonado: temperamento romântico. / Fig. e Pej. Sentimental, piegas, meloso: novela romântica".
Com toda certeza fico com o primeiro significado concedido por nosso ilustre amigo. Este último significado, "sentimental, piegas, romântico, meloso", dispenso.
Eu devo ter passado um pouquinho longe ou um tanto distraída na fila dessa característica com essa conotação quando Deus me criou. Sempre fui meio desconfiada com cartas melosas, declarações em público ou chororôs exacerbados. Bilhetinhos apaixonados são fofos, mas nunca fizeram muito minha cabeça. Nunca fiquei sonhando com grandes surpresas que envolvessem pétalas de rosa espalhadas pelo chão, velas ou música de fundo. Será que sou anormal? Ou será que somente não dou muita importância a tudo isso?
O que sei é que sempre gostei que me tratassem com respeito, sem vozinhas infantilizadas. Que muito mais valem para mim atos que demonstram carinho e cuidado (como lembrar que meu preventivo está atrasado ou pedir uma sobremesa que ele nem gosta tanto mas que eu amo já que sempre peço um pouquinho da dele quando saímos pra jantar), do que demonstrações explícitas do amor através de violeiros ou de qualquer terceiro que nada tem a ver com o sentimento que pertence somente a mim e ao meu parceiro.
Sempre dei valor a uma boa conversa, a um ombro e um colo para chorar, um caráter forte e verdadeiro, e não somente a uma criatividade cheia de clichês de alguém que tenta te convencer do seu amor com momentos gracinha-arte-show-veja-como-me-lembro-de-você-sempre-de-forma-quase-doentia-porque-não-vivo-sem-você.
Aqui está outra coisa que sempre me tirou do sério e me fez ter arrepios, de medo, não de êxtase, a famosa frase: eu não vivo sem você. Sempre tive muito medo e fugi como o diabo foge da cruz de quem um dia me disse isso. Mas como assim, não vive sem mim? Como viveu até agora? E se um dia acabar, como vai fazer? Sim, porque, mesmo que seja lindo, o amor um dia pode acabar, a convivênvia pode se tornar insuportável, os dias podem não fazer mais sentido com quem um dia foi tido como o grande amor da sua vida e pior: esse sentimento pode ser unilateral, e ai como faz? E agora José? Tenho sim a certeza e a convicção de que o fim de um amor pode causar grande dor, profundo sentimento de perda ou de abandono, uma melancolia ou até mesmo, em casos mais severos, uma depressãozinha pós rompimento. Mas achar que a vida vai acabar, ou que não viverá mais sem a criatura, isso para mim já é um exagero.  Porque eu, particularmente, não tenho o hábito de passar tamanha responsabilidade para um terceiro, ainda mais quem não é ou não será nem de perto seu parente, uma vez que namorado, marido, amante, ou seja lá o status que o seu amor tem na sua vida, nunquinha o será.
Ele deve sim ser um parceiro, um amigo, alguém em quem confiar, em quem buscar apoio, carinho, companheirismo, interesses em comum ou não, uma vez que discordar e ter diferentes pontos de vista é saudável e faz bem, não somente a você como indivíduo mas também à relação a dois.
Mas o que eu quero mesmo com todo esse blá-blá de romantismo é lembrar a você, que anda achando sua vida ou seu parceiro muito pouco românticos, de que é preciso conhecer e reconhecer que tipo de romântico é o seu amor. Você pode estar aí, esperando que ele tente te trazer a lua ou as estrelas, que desfie um rosário de poemas melosos, ou que faça uma música para você sem nunca nem ter passado perto de um violão, ou ainda, que ele se torne sócio da floricultura da esquina para cada ausência ressentida ou beicinho que você faça quando estiver contrariada. E quando na verdade, pode estar deixando de notar um romântico mais refinado, mais seguro de si mesmo e da importância que tem na sua vida, que não deve ser medida através de atos isolados em datas especiais ou ainda a cada briguinha boba. O verdadeiro romântico, para mim, é aquele que se faz presente de forma constante, lúcida, educada, polida e por que não, recatada quando assim a ocasião se fizer necessária.
Rosas e poemas são sim bem vindos. Mas o dia-a-dia exige muito mais do que isso. E somente atitudes verdadeiras e com personalidade podem sustentar um romântico, sem que ele se torne um chato de galochas e rosas vermelhas nas mãos.

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